segunda-feira, 30 de abril de 2018

MAIOR ACERVO BIBLIOGRÁFICO FORA DO BRASIL




Como já dizia um sábio, o livro é a grande memória dos séculos e se eles desaparecessem, desapareceria a história.
Tirar dos porões a Biblioteca Oliveira Lima, na Universidade católica da América, em Washington, nos EUA, foi a missão entregue à sua recente nomeada vice-reitora, a astrofísica brasileira Duília de Mello.
Duília de Mello, pesquisadora e especialista na análise de imagens do Telescópio Espacial Hubble, recebeu de seu chefe a missão de recuperar a biblioteca do pernambucano Manoel de Oliveira Lima e com ela resgatar grande parte da história do Brasil. Duília, com muito esforço, conseguiu liderar este trabalho e a biblioteca foi reaberta ao público no dia 31 de janeiro. Desde então, visitantes e pesquisadores podem acessar a maior biblioteca brasileira fora do país, um verdadeiro tesouro histórico, uma autêntica relíquia de livros e muita história.


O que se encontra na biblioteca
A biblioteca possui um acervo muito rico, que conta com uma sala cheia de livros raros, com títulos em português. Além disso, é lar de uma gigantesca quantidade de cartas que Oliveira Lima trocou com intelectuais: Lima Barreto, Euclides de Cunha, Monteiro Lobato, e inclusive Machado de Assis.
Os visitantes também poderão se deleitar com primeiras edições de clássicos da literatura brasileira, grandes álbuns de recortes de jornais que conservam em suas folhas assuntos importantes do país como a transição da Monarquia para a República e a construção de uma identidade nacional.
Em 1916, a biblioteca foi doada por Manoel Oliveira Lima, que além de ser um reconhecido diplomata brasileiro, foi um grande bibliófilo e colecionador de livros raros, recortes de jornais, obras de arte, cartas e manuscritos. Esses elementos compõem o seu legado, composto por 58 mil itens que contam uma parte importante da história do Brasil.
De Pernambuco até Washington, Oliveira Lima, conhecido também por escrever sobre política internacional, artes e literatura, manteve contato com quase todos os intelectuais da época no Brasil e na América Latina. Isso pode ser apreciado na troca de cartas que se encontram ainda conservadas na The Oliveira Lima Library. Aberta ao público em 1924, esta precisou ser fechada por falta de investimento, deixando no porão da Universidade todas essas joias da história brasileira.


Mas como todo esse material foi parar nos Estados Unidos?
Oliveira Lima sempre teve um espaço para produzir conteúdo sobre a história do Brasil, mesmo estando envolvido em importantes missões diplomáticas. Essas missões acabaram por se tornar conflitos irreconciliáveis em certa época, o que motivou o pernambucano a se radicar em Washington. Por lá, seu nome já era respeitado por ser o criador do primeiro curso sobre História do Brasil ministrado nos Estados Unidos, nada mais e nada menos que em Harvard.
O tempo todo esteve acompanhado de Flora, sua companheira de vida e parceira na bibliofilia.
O papel de Flora
Uma colaboradora silenciosa, foi Flora Cavalcanti de Albuquerque (1863-1940), quem cuidou da biblioteca logo depois da morte de Oliveira Lima. A memória da fotógrafa e arquivista com quem Oliveira Lima compartilhava seu amor pelos livros também será honrada na biblioteca, afinal ela foi a responsável pela organização de todo o acervo de seu marido. Especialistas afirmam que foi ela quem escreveu as cartas de Oliveira Lima, assim como os manuscritos de seus livros.
Fonte: Estadão

terça-feira, 3 de abril de 2018