sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Sobre o curso no CCBA

Curso para Professores de PLE no CCBA

“PARA OS PROFESSORES PRODUZIREM E AVALIAREM MATERIAIS DIDÁTICOS”

Desde o primeiro de outubro até o dia quatro do mesmo mês de 2013, decorreu, na sede Centro Cultural Brasil-Argentina (CCBA) na Cidade de Buenos Aires, o curso “A formação do Professor de Português Língua Estrangeira (PLE) como avaliador e elaborador de materiais didáticos: teoria e prática”, a cargo das Professoras Doutoras Norimar Júdice, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Patrícia Campos de Almeida da Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ).[1]

O curso teve como público alvo os professores e as professoras de português língua estrangeira atuantes na região. Assistiram professores de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e da República Oriental do Uruguai. Os docentes que fazemos parte da Seção de Português do Departamento de Línguas Modernas da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires estivemos entre os participantes.

Com um rico arcabouço teórico, foram apresentados os conceitos de língua, texto, gêneros textuais, práticas discursivas e sociais, visando formar professores produtores e leitores de textos com critérios bem fundamentados, para dinamizarem e organizarem o processo de ensino-aprendizagem, não só da língua portuguesa na sua variante brasileira, mas também de sua cultura, no contexto de ensino de português na América Latina. Segundo a Professora Norimar Júdice, a produção de textos em língua estrangeira possibilita o desenvolvimento de ações de linguagem produzindo gêneros variados (competências em gêneros), favorecendo a troca e veiculação de conhecimentos na língua-alvo, ou seja a oportunização de uma agência mais ampla do produtor de texto em círculos profissionais que extrapolam esse espaço. É por isso que um bom professor deve ter conhecimento teórico sobre a língua-alvo, considerando sua variação no uso; conhecimento da teoria do texto e um conhecimento da dinâmica do processo de ensino/aprendizagem em todas as suas etapas.

Na elaboração do material, é preciso que os professores avaliem esse material antes, durante e após o uso. Antes, atendendo à situação de ensino (nível de conhecimento da língua-alvo da turma, faixa etária, segmento de ensino em que se inscreve, contexto de imersão ou de não imersão, objetivo, duração). Durante, formulando uma proposta/enunciado, selecionando o(s) texto(s) de partida e materiais complementares e refletindo sobre os gêneros e tipos textuais apresentados, sem deixar de pensar no conhecimento de gêneros do aprendiz na língua materna. Articulando não só componentes linguísticos como culturais e elaborando enunciados claros para a produção e para a avaliação. Após, apresentando parâmetros de avaliação da tarefa, com atividades de reescritura coletiva, utilizando o sistema de avaliação formativa, levando o aprendiz a confrontar sua última produção com as anteriores para verificar progressos e dificuldades que persistam.

No dia 3 de outubro, a Professora Patrícia Campos de Almeida aprofundou sobre os TICs e as ferramentas de ensino dentro de um mundo globalizado, com grande uso de tecnologias em um mundo interligado e sem fronteiras, onde, segundo trabalhos de Oliveira em 2013, o uso da rede para o ensino possibilita uma fonte ilimitada e rica de imput na língua estrangeira, combinando informações linguísticas, sonoras, visuais, etc. Desenvolvendo o conceito de multimodalidade, integrando o texto verbal com o nãoverbal, a Professora Patrícia Almeida recomendou adotar a multimodalidade na sala de aula, com base no conceito de gêneros digitais,[2] que integram o discurso eletrônico, permitindo ao aluno trabalhar as quatro habilidades básicas da LE. Isto possibilita o contato com materiais autênticos e a interação com usuários do mundo, além da promoção da autonomia do aluno, quem já não aprende só com o professor, mas também com todos os suportes da Internet.

O curso motivou o debate dos assistentes sobre os diferentes recursos didáticos disponíveis, sobre a sua produção e avaliação, com base na diversidade dos gêneros textuais e o emprego atual da língua. Contribuiu também para a abordagem das novas tecnologias, sobretudo, para a reflexão do lugar que estas vêm ocupando no dia a dia e a pertinência da sua inclusão nas práticas pedagógicas do ensino de PLE. No contexto da produção e avaliação de materiais de ensino de PLE, o uso sistemático das novas tecnologias por parte de professores e estudantes, constitui, sem dúvida, uma ferramenta poderosa e motivadora que pode dinamizar as aulas e aproximar os alunos do universo real da língua em uso.
 
Profa. Glória Pérez Pita
Chefe de Trabalhos Práticos
Seção de Português – FFYL - UBA





[1] O curso foi organizado e auspiciado pelas autoridades da Embaixada do Brasil na Argentina e do CCBA, com o apoio do Leitorado de Português na UBA, a cargo da Professora Elaine Rodrigues, com base numa proposta inicial feita pelos Professores Estela Klett e Carlos A. Pasero do Departamento de Línguas Modernas da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires.
 
[2] Cfr. Marcuschi. L. A.; Xavier, A. C. Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004; marcuschi, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008 .

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