“PARA OS PROFESSORES PRODUZIREM E
AVALIAREM MATERIAIS DIDÁTICOS”
Desde o primeiro de outubro até o
dia quatro do mesmo mês de 2013, decorreu, na sede Centro Cultural Brasil-Argentina
(CCBA) na Cidade de Buenos Aires, o curso “A formação do Professor de Português
Língua Estrangeira (PLE) como avaliador e elaborador de materiais didáticos:
teoria e prática”, a cargo das Professoras Doutoras Norimar Júdice, da
Universidade Federal Fluminense (UFF), e Patrícia Campos de Almeida da
Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ).[1]
O curso teve como público alvo os
professores e as professoras de português língua estrangeira atuantes na
região. Assistiram professores de Buenos Aires, Córdoba, Mendoza e da República
Oriental do Uruguai. Os docentes que fazemos parte da Seção de Português do
Departamento de Línguas Modernas da Faculdade de Filosofia e Letras da
Universidade de Buenos Aires estivemos entre os participantes.
Com um rico arcabouço teórico, foram
apresentados os conceitos de língua, texto, gêneros textuais, práticas
discursivas e sociais, visando formar professores produtores e leitores de
textos com critérios bem fundamentados, para dinamizarem e organizarem o
processo de ensino-aprendizagem, não só da língua portuguesa na sua variante
brasileira, mas também de sua cultura, no contexto de ensino de português na
América Latina. Segundo a Professora Norimar Júdice, a produção de textos em língua
estrangeira possibilita o desenvolvimento de ações de linguagem produzindo
gêneros variados (competências em gêneros), favorecendo a troca e veiculação de
conhecimentos na língua-alvo, ou seja a oportunização de uma agência mais ampla
do produtor de texto em círculos profissionais que extrapolam esse espaço. É
por isso que um bom professor deve ter conhecimento teórico sobre a
língua-alvo, considerando sua variação no uso; conhecimento da teoria do texto
e um conhecimento da dinâmica do processo de ensino/aprendizagem em todas as
suas etapas.
Na elaboração do material, é preciso
que os professores avaliem esse material antes, durante e após o uso. Antes,
atendendo à situação de ensino (nível de conhecimento da língua-alvo da turma,
faixa etária, segmento de ensino em que se inscreve, contexto de imersão ou de
não imersão, objetivo, duração). Durante, formulando uma proposta/enunciado,
selecionando o(s) texto(s) de partida e materiais complementares e refletindo
sobre os gêneros e tipos textuais apresentados, sem deixar de pensar no
conhecimento de gêneros do aprendiz na língua materna. Articulando não só
componentes linguísticos como culturais e elaborando enunciados claros para a
produção e para a avaliação. Após, apresentando parâmetros de avaliação da
tarefa, com atividades de reescritura coletiva, utilizando o sistema de avaliação
formativa, levando o aprendiz a confrontar sua última produção com as
anteriores para verificar progressos e dificuldades que persistam.
No dia 3 de outubro, a Professora
Patrícia Campos de Almeida aprofundou sobre os TICs e as ferramentas de ensino
dentro de um mundo globalizado, com grande uso de tecnologias em um mundo
interligado e sem fronteiras, onde, segundo trabalhos de Oliveira em 2013, o
uso da rede para o ensino possibilita uma fonte ilimitada e rica de imput na língua estrangeira, combinando
informações linguísticas, sonoras, visuais, etc. Desenvolvendo o conceito de multimodalidade, integrando o texto
verbal com o nãoverbal, a Professora Patrícia Almeida recomendou adotar a
multimodalidade na sala de aula, com base no conceito de gêneros digitais,[2] que integram o discurso
eletrônico, permitindo ao aluno trabalhar as quatro habilidades básicas da LE. Isto
possibilita o contato com materiais autênticos e a interação com usuários do
mundo, além da promoção da autonomia do aluno, quem já não aprende só com o
professor, mas também com todos os suportes da Internet.
O curso motivou o debate dos
assistentes sobre os diferentes recursos didáticos disponíveis, sobre a sua
produção e avaliação, com base na diversidade dos gêneros textuais e o emprego
atual da língua. Contribuiu também para a abordagem das novas tecnologias,
sobretudo, para a reflexão do lugar que estas vêm ocupando no dia a dia e a pertinência
da sua inclusão nas práticas pedagógicas do ensino de PLE. No contexto da
produção e avaliação de materiais de ensino de PLE, o uso sistemático das novas
tecnologias por parte de professores e estudantes, constitui, sem dúvida, uma
ferramenta poderosa e motivadora que pode dinamizar as aulas e aproximar os
alunos do universo real da língua em uso.
Profa. Glória Pérez Pita
Chefe de Trabalhos Práticos
Seção de Português – FFYL - UBA
[1] O curso foi
organizado e auspiciado pelas autoridades da Embaixada do Brasil na Argentina e
do CCBA, com o apoio do Leitorado de Português na UBA, a cargo da Professora
Elaine Rodrigues, com base numa proposta inicial feita pelos Professores Estela
Klett e Carlos A. Pasero do Departamento de Línguas Modernas da Faculdade de
Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires.
[2] Cfr. Marcuschi. L.
A.; Xavier, A. C. Hipertexto e gêneros
digitais. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2004; marcuschi, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008 .